No dia 20 de novembro é comemorado o Dia da Consciência Negra, data que marca a morte de Zumbi Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, e personagem importante na luta e resistência contra a escravidão no Brasil. E é nesse mês muitas escolas e professores, principalmente, preparam atividades para falar sobre a questão do racismo, ancestralidade e a história do povo negro. 

Na Conectando Saberes conversamos com dois professores que trouxeram a temática de formas diferentes mas que incitaram os alunos a pensarem sobre o preconceito ao povo negro. O primeiro é do professor Gláucio, do núcleo de Paulista (PE), o projeto foi desenvolvido em 2020 e é chamado Parede Sonora contra o Racismo. O ponto de partida para a criação das ações foram as movimentações antirracistas nos Estados Unidos e no Brasil pela morte de George Floyd, da qual surgiu a campanha internacional #BlackLivesMatter.

Primeiramente, o professor apresentou o livro Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro. A turma foi dividida em grupos e cada grupo ficou responsável pela leitura de um capítulo. Além da obra literária, o docente ainda apresentou documentários, reportagens e vídeos sobre a temática do antirracismo. A partir do estudo, a turma criou um perfil no Instagram sobre o tema, produziram textos para a rede social sobre: racismo na mídia, racismo na política, racismo na comédia, entre outros. Para cada tema, havia uma publicação diferente feita pelos grupos e foram esses textos que foram transformados em áudio e deram origem à “Parede Sonora Contra o Racismo”. Os alunos do 8o. ano em novembro de 2020 colaram cartazes com QR codes em um parque da cidade de Paulista (PE). Ao terem a câmera do celular apontada às imagens, era possível ouvir os áudios gravados pelos estudantes falando sobre racismo.

Já em 2022, a professora Naiara Chaves, do núcleo de Seabra (BA) misturou Língua Portuguesa e gamificação com a questão étnico-racial. A educadora está realizando, no mês de novembro, atividades para o projeto “Educação Antirracista”. Como parte de ações que envolvem toda a escola, ela faz um subprojeto que envolve textos e jogos. 

Ela e seus alunos também tinham a tarefa de ler a obra "Pequeno manual antirracista" “Eu montei um jogo de trilha para discutir com meus estudantes algumas questões que o livro traz. É uma forma de engajá-los na discussão”. No jogo, os estudantes ficam em grupos e devem jogar os dados. O peão deve andar o número de casas correspondente ao dado e o aluno responde às questões. Por exemplo: "Você costuma utilizar a expressão lápis cor de pele?", etc. Após isso, o estudante retira uma carta com comentários sobre aquela pergunta; ele lê a pergunta e o grupo discute a questão.Além do livro, a docente trouxe artistas e autores negros para aprofundar ainda mais o tema. “Também refletimos sobre o tema a partir do documentário ‘Amarelo’, do Emicida, textos literários da Conceição Evaristo e Carolina Maria de Jesus”. Mas claro, tudo está conectado com o conteúdo da disciplina. Os alunos estudam gêneros textuais com a produção de campanhas antirracistas que serão veiculadas na escola.

O projeto encerrou no dia 18, mas a professora já vê impactos que vão além da data. “Nossa escola é majoritariamente negra e quilombola e depois desse projeto, tem aparecido muitos depoimento de situações em que nossos alunos foram vítimas de racismo. A escola deve ser um dos espaços para que possamos romper com o racismo em nosso país. Além disso, precisamos trabalhar efetivamente as leis 10.639 e a 11.645”, reforça Naiara.